
Parresia
Contra o Evangelho do Prazer: A Cruz como Escândalo e Glória
Comunidade Ignis
05 jun. 2025
Tempo de leitura: 3 minutos
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Em cada geração, o espírito do mundo proclama um evangelho falso: a doutrina do prazer, da fuga do sofrimento e da idolatria do conforto. “Os tempos são difíceis”, dizem, “é preciso buscar um pouco de alívio, viver bem, curtir a vida”. Mas a Sagrada Escritura e a Tradição da Igreja nos mostram que o verdadeiro discípulo de Cristo não foge da cruz, antes, a abraça como meio de redenção e salvação.
Nosso Senhor foi muito claro: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-me” (Lc 9,23). Não há cristianismo sem cruz, não há santidade sem sofrimento ofertado com amor.
O Sofrimento no Plano de Deus
A partir do pecado original, o sofrimento tornou-se parte da condição humana, mas Deus, em Sua misericórdia, transformou-o em instrumento de salvação. O Catecismo da Igreja Católica ensina que “pela paixão de Cristo, Deus quis que o sofrimento tivesse um novo sentido: fosse um meio de nos associarmos à obra redentora do Salvador” (CIC, 1521).
Santo Agostinho afirma: “Deus, que é supremo Bem, jamais permitiria o mal do sofrimento se dele não pudesse tirar um bem ainda maior” (Enchiridion, XI, 3). E que bem maior do que a comunhão com o Cristo sofredor?
A Mentira Moderna: A Idolatria do Prazer
Vivemos em uma sociedade que canonizou o prazer como valor supremo. A lógica hedonista penetrou até mesmo ambientes eclesiais: procura-se a religião do “conforto emocional”, do “Cristo terapeuta”, esvaziado de cruz e sacrifício. Mas essa não é a fé apostólica.
Aos Filipenses, São Paulo declara: “Muitos vivem como inimigos da cruz de Cristo. O fim deles é a perdição; o deus deles é o ventre” (Fl 3,18-19). Aqui está o retrato do homem moderno: adora o prazer, teme o sofrimento, rejeita a cruz.
“Os tempos são difíceis”? Sempre foram!
É comum ouvir: “Hoje é mais difícil ser cristão.” Mas essa desculpa revela mais fraqueza espiritual do que realidade. Desde os primeiros séculos, os discípulos de Cristo enfrentaram perseguições, pobreza, heresias, martírios.
Como lembra São João Crisóstomo: “Não digas: ‘foram tempos melhores que os de agora’; essa é linguagem de ignorantes. Cada época tem seus males e suas graças” (Homilias sobre o Eclesiastes, Hom. 7). O que falta não são tempos melhores, mas corações mais generosos.
Abraçar a Cruz, não fugir dela
A espiritualidade cristã autêntica nos ensina a valorizar a mortificação, a penitência e a paciência nas tribulações. Santo Tomás de Aquino afirma: “O sofrimento aceito com caridade é o que mais nos configura a Cristo” (STh III, q.46, a.3).
A liturgia da Igreja nos educa nisso, sobretudo na Quaresma e nas festas dos mártires. Toda Missa é memorial da Paixão: é na Cruz que Cristo nos redime, e é pela Cruz que nos santificamos.
Não nos deixemos enganar. O mundo não é nosso mestre. Cristo é. E Ele não prometeu prazer, mas glória após a cruz. Como disse Santa Teresa d’Ávila: “Nada te perturbe, nada te espante... quem a Deus tem, nada lhe falta. Só Deus basta.”
Recusemos a falsa compaixão do mundo e abracemos a verdadeira alegria do Evangelho: aquela que nasce do amor crucificado.
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