
Santos & Mártires
São João Maria Vianney: Um Modelo Esquecido de Santidade Sacerdotal
Comunidade Ignis
13 Jun 2025
Tempo de leitura: 3 minutos
COMPARTILHE:
Na Carta aos Hebreus, lemos: “Todo sumo sacerdote é tirado do meio dos homens e constituído em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus” (Hb 5,1). Poucos santos, na história da Igreja, corporificam tão perfeitamente esta verdade como São João Maria Vianney, o Cura d’Ars.
Nascido em 1786, em tempos de perseguição religiosa acirrada na França pós-revolucionária, São João Maria foi desde cedo marcado pela piedade simples do campo e pela fidelidade ao Evangelho. A sua vocação sacerdotal, embora humanamente difícil — dada sua dificuldade com os estudos e o latim —, floresceu pela graça e pela perseverança. Deus o preparava não para o brilho acadêmico, mas para a grandeza da caridade pastoral.
Ars: de vilarejo esquecido a terra de peregrinação
Quando João Maria Vianney foi enviado à pequena paróquia de Ars, o vilarejo era espiritualmente árido, tomado por indiferença religiosa, secularismo e desordens morais. Mas em poucos anos, através de um ministério centrado na Eucaristia, no confessionário e na pregação, a vila transformou-se num centro de peregrinação. Milhares acorriam de toda a França para confessar-se com o “santo de Ars”, que passava até 16 horas por dia no confessionário.
A eficácia de seu ministério vinha de sua vida de intensa mortificação e oração. Comia pouco, dormia quase nada, e passava horas diante do Santíssimo Sacramento. Ao olhar humano, parecia fraqueza; aos olhos da fé, era heroísmo sobrenatural. Como escreveu São Paulo: “Quando me sinto fraco, então é que sou forte” (2Cor 12,10).
Um modelo esquecido?
No mundo atual, onde o modelo de sucesso muitas vezes se mede por competências técnicas, protagonismo social e habilidades de gestão, o exemplo do Cura d’Ars parece fora de época. Contudo, é precisamente por isso que ele se torna tão necessário. Sua vida recorda aos sacerdotes e a todos os fiéis que a missão da Igreja é santificar, ensinar e pastorear — e isso só é possível à luz da graça, do sacrifício e da fidelidade à Verdade.
Em sua Carta aos Sacerdotes por ocasião do Ano Sacerdotal (2009), o Papa Bento XVI afirmou:
“O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus”, dizia frequentemente o Santo Cura d’Ars. Esta comovedora expressão mostra que, no ministério sacerdotal, a chave da fecundidade e da eficácia pastoral reside na união pessoal com Cristo: na forma como o sacerdote vive realmente da sua amizade com o Senhor.”¹
Sacerdócio e penitência: uma missão inseparável
Um dos aspectos mais esquecidos do ministério do Cura d’Ars é sua centralidade no sacramento da Penitência. Em um tempo de abandono da confissão — como também o nosso —, São João Maria reconduziu multidões ao arrependimento sincero, não por moralismos, mas por revelar a beleza e a misericórdia do Coração de Jesus.
Pregava com clareza contra o pecado, mas sempre com o olhar de quem ama. Sua palavra simples convertia, porque era sustentada por sua vida de cruz e de oração. Como nos ensina o Catecismo da Igreja Católica:
“Ao celebrar este sacramento, o sacerdote cumpre o ministério do bom pastor que procura a ovelha perdida” (CIC, 1465).